Mons. Paulo
Daher
Julgar é fácil ! Agir pede
responsabilidade ! Em nossa vida, temos capacidade para analisar o que acontece
conosco e com outras pessoas. Este juízo depende de nosso modo de pensar, de
conhecimentos e experiência. Quando o que pensamos e julgamos diz respeito a
nós, o problema é menor. Quando se trata de ter opinião sobre outros, a
responsabilidade é maior. Julgamos com mais acerto estando a par das coisas ou
da maneira de ser e agir das pessoas. As idades têm influência na maneira mais
certa de julgar e agir. A riqueza ou pobreza, os estudos ou a falta deles,
utilizar os meios em ambientes onde sabemos bem o que e como agir, garante-nos
escolher o melhor.
Daniel, pais de três filhos adolescentes era animado nos esportes. Participava
dos jogos do colégio de seus filhos. Preparava todos os pormenores das
olimpíadas.
Num dia de quase decisão final de campeonato, ele esteve presente a um jogo de
basquete onde seus filhos participavam. Torceu muito durante os vários jogos de
decisão parcial. No último não gostou do juiz. Criticou o tempo todo sua
atuação.
O time em que seu filho mais velho atuava, teve partida muito tumultuada. Ele
gritava da arquibancada contra atuação do juiz, que aliás era seu amigo. Sua
esposa chegou até a sair de perto para não passar vergonha. Ele estava fora de
si. O time quase perdeu. No último momento conseguiram o ponto necessário para
a vitória.
À noite, o sr. Daniel recebeu um telefonema. Um dos juízes de um jogo de
decisão final, estava passando mal. Decidiram escolhê-lo para juiz da partida.
Na manhã seguinte atuou como juiz do torneio de basquete feminino do colégio.
Sentiu a hostilidade de muitos pais. Durante a partida ouviu agressões de
palavras. Não conseguia acreditar nas coisas que aconteciam ao mesmo tempo.
Tinha de tomar decisões rápidas. Não fez trabalho muito bom. E os pais por sua
vez o criticaram muito. Saiu daquela quadra terrivelmente humilhado, apesar de
todo o esforço.
Essa experiência mudou sua visão acerca dos juízes esportivos. Para entendê-los
teve de passar pelas pressões que eles enfrentavam. Como era uma pessoa
religiosa, a partir daquele dia, refletiu sobre Deus e sua atuação no mundo e
em nossa vida.
Foi entendendo melhor a atuação de Deus em nossa vida. Várias passagens do
evangelho mostram a paciência de Cristo diante dos erros das pessoas. Deus
entende a todos, sabe esperar por confiar numa mudança na cabeça do ser humano.
Uma coisa é o que a lógica de nossa mente apresenta como exigência de atitudes.
Outra é como resolver na prática diante dos fatos que nunca são iguais. Há
circunstâncias que acabam levando-nos a modificar nossa maneira de buscar a
solução.
Cristo não precisava viver nossa vida para saber como dirigimos nossa vida.
Dissemos que Ele é sábio e previdente. Veio viver nossa vida para mostrar o que
Ele disse na noite do Último Jantar: Como eu fiz vocês devem fazer.
Orientados pela maneira de ver, julgar e agir de Cristo, temos menos
dificuldade para conduzir nossa mente com mais verdade e justiça diante dos
fatos.
A mesma afirmação Maria fez no dia do Casamento em Caná (Jo 2, 5 ) ao dizer aos
serventes ( e diz a nós!): Façam tudo o que meu Filho mandar! Igual conselho
Deus Pai disse no Monte Tabor, no momento da Transfiguração de Cristo (Mc 9,
7): Este é meu Filho muito querido, e s c u t e m – n o!
Sejamos humildes e verdadeiros quando tivermos de avaliar as atitudes das
pessoas.