Às vezes ouço passar o vento: e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido. - Fernando Pessoa
16 de fevereiro de 2013
8 de fevereiro de 2013
Padres Paulo Carvalho Rosa e Luiz Garcia Mello foram empossados como Reitor e Pró-reitor na UCP
O facebook da Diocese de Petrópolis registrou em sua página as posses dos padres Pedro Paulo Carvalho Rosa e Luiz Garcia Mello como reitor e Pro-reitor Administrativo e superintendente da Universidade Católica de Petrópolis, respectivamente.
Em nome de todos os antigos alunos e da Associação dos Antigos Alunos do Seminário Diocesano de N.S. do Amor Divino recebam os nossos abraços e com o desejo de muito sucesso nas novas atribuições.
"Os novos reitores da Universidade Católica de Petrópolis
Em nome de todos os antigos alunos e da Associação dos Antigos Alunos do Seminário Diocesano de N.S. do Amor Divino recebam os nossos abraços e com o desejo de muito sucesso nas novas atribuições.
"Os novos reitores da Universidade Católica de Petrópolis
Os padres Pedro Paulo de Carvalho Rosa, 43 anos e Luiz Garcia Mello, 57 anos, foram empossados na noite de segunda-feira, como reitor da Universidade Católica de Petrópolis e Pró-reitor Administrativo e superintendente da instituição. “Pela primeira vez na história desta instituição, dois sacerdotes diocesanos ocupam responsabilidade gestora na reitoria da Universidade Católica de Petrópolis, nossa querida UCP, o que torna mais claro o comprometimento da Igreja Católica com essa instituição de ensino superior”, afirmou o reitor, Padre Pedro Paulo.
Juntamente com os dois padres tomou posse como vice-reitor, o professor Marcelo Vizani Calazans e como Pró-reitora acadêmica, a professora Regina Máximo. Entre os muitos desafios da nova reitoria da UCP está o de fazer da universidade o maior centro de referência da região no ensino superior, fazendo com que esteja presente não somente em Petrópolis, mais com campus nas cidades vizinhas e de outras regiões do Estado.
A solenidade de posse da nova reitoria da UCP foi presidida pelo Grão-Chanceler da instituição, o Bispo Diocesano, Dom Gregório Paixão, que presidiu a missa, celebrada na Capela Nossa Senhora de Sion e concelebrada pelos padres diocesanos. Afirmando que nenhum ser humano nasceu para viver pela metade. O bispo convidou todos a viver por completo, e não pela metade, seja no exercício de uma profissão ou de outras atividades e dirigindo-se a todos que trabalham na UCP pediu que se dediquem totalmente a formação cristã e humana, na busca da verdade.Ele lembrou que a grandiosidade da Universidade está nos homens e mulheres que sabem usar seus dons para manifestar e cumprir a vontade de Deus. Dom Gregório Paixão agradeceu todo trabalho realizado pela reitoria passada na pessoa do Padre Jesus Hortal. O Bispo Diocesano afirmou que desde que assumiu o Governo Episcopal da Diocese, no dia 16 de dezembro, dentro os muitos trabalhos a ele designados, pretende assumir com dedicação e zelo apostólico a continuidade e o crescimento da UCP.
A solenidade contou ainda com a presença do prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo que assumiu o compromisso de manter o convênio com a UCP, possibilitando o ingresso de alunos das escolas públicas da cidade nos cursos de graduação. O prefeito disse ainda que o objetivo é buscar mecanismos para ampliar o número de bolsas, aumentando assim o ingresso de mais jovens aos cursos superiores.
O presidente da Câmara, vereador Paulo Igor disse que o Poder Legislativo está a disposição da Universidade para contribuir no que for possível para que a UCP continue sendo uma referência na educação da cidade e da Região Serrana. “Se a universidade vai bem, a nossa cidade também vai”, frisou o presidente do legislativo.
Representando a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado estadual, Bernardo Rossi disse que os problemas com relação as bolsas para os cursos de tecnólogos na UCP, através de convênio com o Governo do Estado, estão resolvidos. Ele frisou que a Alerj, assim como o governador Sergio Cabral estão empenhados em ajudar a Universidade por entenderem a necessidade e a importância da UCP na formação de muitos jovens petropolitanos."
Estava chegando a Petrópolis quando recebi a notícia da partida do Quinha para o Paraiso
O amigo e associado José Pires enviou ao Amigos de Corrêas o lindo texto assinado por Ricardo Pinto sobre o funeral de Pe. Quinha. Vale a pena ler o texto pelos ricos detalhes do sentimento de cada pessoa que conhecia o grande homem e padre, nos momentos que antecederam ao enterro. Grande homem que dedicou sua vida aos irmãos. Sua paixão pelo Fluminense F.C., tricolor de coração, que em momentos de grande alegria pela vitória do time, celebrava missa com a camisa do seu clube querido debaixo do paramento.
Confira.
Confira.
Algumas notícias e
impressões sobre o funeral do Pe. Quinha
Eu estava chegando a
Petrópolis quando recebi a notícia da partida do Quinha para o Paraíso. Fui imediatamente
até a Igreja próxima da casa dos seus familiares e confirmou-se: na madrugada
do dia 18/01, um infarto fulminante fez esse grande irmão partir.
E lá estava o Quinha, no caixão, no chão, com
semblante “de anjo” - como alguém afirmou -, vestido com a túnica e a estola com
o “M” de Maria que usou durante as celebrações na Escola Nacional 2013. Seu irmão
me disse: “O Quinha sempre retorna feliz de todos os encontros dos Focolares,
mas dessa vez ele voltou diferente, transformado!”. Uma amiga completou: “Ao
voltar dessa Escola ele me disse: ‘Estão precisando de padres para ajudar nas Mariápolis
permanentes, eu quero ir, mas o que fazer com as Oficinas de Jesus?’” (grupos que o Quinha iniciou para acolher e
assistir pobres que encontrava nas ruas, dependentes químicos e portadores do
vírus HIV).
A notícia espalhou-se. Vi
num poste de iluminação de um bairro da cidade um simples cartaz: “Pe. Quinha
faleceu”. A Polícia Militar tentava organizar o intenso trânsito que mudou a
rotina do bairro. Centenas de pessoas estavam na interminável fila para saudar o
“amigo”, o “confessor”, o “acolhedor”, o “louco pelos pobres”, o “vigário
paroquial”, aquele que “escutava todos”, “servia a todos”, como afirmavam. Rostos
de todas as raças, de todas as classes sociais, de Igrejas e religiões, de
lugares próximos e distantes. Pessoas chegavam e se abaixavam para “conversar”
com ele... jovens, crianças, senhoras idosas, os “assistidos” pelas Oficinas de
Jesus, gente culta, gente simples, mendigos acompanhados de seus cachorros...
todos... todos amados.
Ali estavam também o Prefeito
[que decretou luto oficial por três dias na cidade de Petrópolis], outros
políticos, religiosas, amigos de pastorais, movimentos e novas comunidades...
Também os popos, popas, gente de várias comunidades do Movimento no Rio de
Janeiro, Pe. Licinho e Pe. Leandro (Volta Redonda) que também estiveram na
Escola Nacional, e vários outros sacerdotes que conhecem a Obra.
Incontáveis as coroas de
flores que circundavam a quadra de esportes ao lado da Igreja matriz de
Itaipava. Na entrada, chamava especial atenção um lençol branco onde se lia: "Pe. Quinha, o
senhor será sempre o nosso Santo!. Os teus filhos do Sítio Nossa Senhora do Sorriso"
(um dos locais que acolhem os “assistidos” pelas Oficinas de Jesus). A faixa foi
colocada sobre o caixão, sobre o qual já estavam bandeiras de Associações eclesiais
e a do Fluminense Futebol Clube que, “quando ganhava, fazia o Quinha na missa usar
a camisa do time por debaixo da túnica”, confidenciou uma senhora.
A
missa presidida por dom Gregório Paixão, recém empossado bispo de Petrópolis,
foi concelebrada por Dom Francisco Biasin (Volta Redonda-RJ) e Dom Paulo
Machado (Uberlândia-MG), e mais de uma centena de padres e diáconos. Na homilia, dom Gregório disse: “O Pe. Quinha conseguia enxergar o ‘invisível’:
a sede de dignidade de muitos irmãos e irmãs. Ele era capaz de entregar a cada
um o seu coração cheio de Deus”. Convidado pelo bispo, o Pe. Celestino, um
sacerdote Aderente, disse que naquele momento, através do Quinha, o novo bispo
podia encontrar pela primeira vez toda a diocese de Petrópolis unida, como
deseja o novo Plano de Pastoral da
diocese. O bispo concluiu contando um trecho da história de Turandot, quando um
príncipe chinês aceita se casar com uma princesa, convidando-a para a “festa
nupcial” depois que ela, após um profundo conhecimento do amado, afirma ter se transformado na pessoa dele, não sendo mais
ela mesma. Por analogia, o bispo disse ter a certeza que o Quinha entrou para a
“festa nupcial” porque quando Jesus o chamou, ele olhou para trás e viu o
quanto havia amado a todos e respondeu: “Eu sou você, Jesus! Deixei que o meu
coração se tornasse o seu coração para muitos irmãos e irmãs”.
Pude saudar seus familiares e a sua mãe com um abraço
de todo o Movimento dos Focolares, em especial dos sacerdotes que participaram da
Escola Nacional 2013. Ela agradeceu e respondeu: “Ele voltou muito feliz dessa
Escola!”. Como uma delicadeza de Maria, de quem o Quinha falou de forma
especial durante a Escola, percebi ao lado do caixão um cesto com muitos
girassóis. Pequeno detalhe, simples, mas que fazia lembrar os
girassóis que estavam no painel “Ver Jesus, hoje”, durante a Escola.
Levando todos a experimentar em profundidade o “assim na terra como
céu”, sob um aplauso interminável, entre cânticos, lágrimas e sorrisos de
esperança, o Quinha foi levado até a sepultura com o caixão nos ombros dos “assistidos”
pelas Oficinas de Jesus, deixando-nos o testemunho de um sacerdote Voluntário plenamente
realizado que escolheu Deus e “ungiu” as estruturas da Igreja e da sociedade com
o mesmo amor de Chiara.
(Ricardo Pinto)
3 de fevereiro de 2013
Senhor, se queres, podes curar-me!
Monsenhor Paulo Daher
1 de fevereiro de 2013
Uma médica, muito religiosa participava de sua comunidade com freqüência. Todas as semanas se encontrava com um grupo de casais onde estudavam o evangelho e debatiam temas religiosos com aplicação prática para a vida. Todos os dias ia à sua clínica pela manhã para atender pessoas humildes que a procuravam sabendo de sua atenção a todos.
Certa manhã a nossa médica saiu cedo de sua casa e foi para o atendimento em sua clínica. Ia como sempre recebendo vários doentes, examinando, diagnosticando, receitando remédios quando não tinha amostras grátis.
Apareceu naquela manhã um senhor com uma ferida gravemente infeccionada no pé direito. Sentia até latejar. Tinha uma íngua que o incomodava também. Ele era de uma cidade do interior. Vinha aplicando na ferida as ervas caseiras que conhecia. Quando o médica removeu o curativo caseiro, o cheiro da infecção encheu o ar. Era insuportável ficar ali. A médica conseguiu dominar-se. Não fez nenhum gesto de repulsa.
Mas os enfermeiros não resistiram. Taparam o nariz depressa. Fizeram uma cara de repulsa. A médica limpou a chaga, lavou, fez um curativo provisório e pediu ao senhor que viesse de dois em dois dias para renovar o curativo e seguir o andamento da ferida. E era ela mesma que cuidava dele com carinho. Limpava o local infeccionado, fazia novo curativo e animava o senhor com palavras amigas.
Depois de várias semanas de tratamento, a ferida foi totalmente curada. O senhor agradeceu a médica a cura e o tratamento e não precisou mais de ir à clínica por isso. A cura de seu pé foi um alívio para ele e alegria para a médica.
Na última vez que a médica ia dar alta àquele senhor, lera pela manhã, como era seu costume, um trecho do evangelho de Mateus, c.8,1-3 que conta o seguinte:
“Jesus descia a montanha. Uma grande multidão o seguia. Então um senhor leproso de aproximou. Ajoelhou-se diante de Cristo e pediu-lhe humildemente: Senhor, se queres, podes curar-me. Jesus olhou compassivo para ele, estendeu sua mão, tocou nele e disse: Eu quero, sê curado.
De repente uma luz forte tocou a mente da médica. Ali estava um fato semelhante ao seu. Jesus também se encontrou com um doente, pior ainda que o seu, pois era leproso. E o atendeu bem e o curou completamente com seu poder de médico divino.
Deve ter renovado a vida dele por dentro e por fora.
Ela refletia então: às vezes nossas vidas apresentam feridas espirituais infeccionadas e mal cheirosas. Deus que nos ama, não se afasta, mas continua a nos atender com amor até curar-nos. Se pedirmos a Deus que nos purifique de nossas chagas, ele estará sempre pronto a nos curar. E dá-nos uma lição de vida também. Para que cada um de nós não tenha medo de se aproximar de pessoas que precisam também ser tratadas com carinho tanto de suas doenças do corpo como das doenças do espírito e da fé.. Que estejamos sempre prontos para estes gestos de misericórdia sem nos espantarmos nem rejeitar ninguém.
O que realmente pensava Einstein sobre Deus?
Artigo de Dom Estêvão Bitencourt (OSB)
A questão é
interessante, pois, sendo o físico e matemático Alberto Einstein considerado
como um dos gênios dos últimos tempos, a sua posição perante o problema de Deus
não deixa de ter significado. Verdade é que, para aderir a Deus, não basta ao
homem possuir uma inteligência; muitas vezes o julgamento desta se desvia da
verdade por causa de dificuldades de ordem moral ou por causa das consequências
práticas que a afirmação da verdade acarretaria consigo. Como quer que seja,
será sempre útil o conhecimento das afirmações de homens inteligentes.
Proporemos abaixo,
portanto, um esboço biográfico de Einstein, ao qual se seguirá breve análise do
pensamento filosófico-religioso desse cientista.
1. Esboço
biográfico
Alberto Einstein
nasceu de pais israelitas na cidade de Ulm (Alemanha) aos 14 de março de 1879.
Passou a juventude em Munique, onde seu pai trabalhava em eletrotécnica. Em
1896 matriculou-se na Escola Politécnica de Zurich (Suíça), doutorando-se em
1905.
Os inícios dos
estudos de Einstein em Zurich não foram alvissareiros, pois o jovem candidato
se viu reprovado no exame de admissão à Escola Técnica Superior da cidade. O
pequeno revés se devia ao fato de que, embora muito preparado em Física e
Matemática, Einstein não dominava bem as línguas modernas nem tampouco a
Botânica e a Zoologia.
A partir de 1901 o
sábio já publicava artigos sobre eletrodinâmica em revistas alemãs, o que lhe
granjeou fama crescente. Em 1905 editou pequeno opúsculo sobre a «eletrodinâmica
dos corpos em movimento», opúsculo que continha em gérmen a teoria da
relatividade.
Em 1909 tornou-se
catedrático de Física na Universidade de Zurich, ficando em exercício até 1913.
Tendo-se aumentado o prestigio de Einstein, o Imperador Guilherme II da
Alemanha nessa data convidou-o para a cátedra de Física na Academia de Ciências
da Prússia; no ano seguinte (1914) o mestre sucedeu a Jakob Van’t Hoff na
direção do Instituto de Física de Berlim. Foi-se tornando membro eleito das
grandes Academias de Ciências do mundo inteiro, enquanto as Universidades lhe
iam conferindo o título de doutor «honoris causa». Em 1921, Einstein foi
condecorado com o prêmio Nobel de Física. Exonerado de obrigações acadêmicas, o
sábio dedicava seu tempo ao estudo, a conferências e debates em diversas nações
sobre a teoria da relatividade. Apregoava ao mesmo tempo a filantropia, o
pacifismo, mostrando-se adversário de todo imperialismo e grande fautor do
movimento sionista ou dos interesses do povo de Israel.
Em 1933 Einstein,
que já vivia na Inglaterra ou nos Estados Unidos da América, rompeu com o
regime nacional-socialista, pedindo sua demissão às Academias de Ciências da
Prússia e da Baviera; não perdeu a ocasião de censurar então as sociedades de
cientistas alemães por condescenderem com um governo que arbitrariamente
denegava a muitos estudiosos os meios de viverem e trabalharem na Alemanha: «Eu
não poderia pertencer, dizia ele, a uma comunidade que adota tal atitude,
embora esta seja extorquida por pressão».
Na mesma época (1933)
Einstein aceitou o cargo de Reitor da Universidade de Jerusalém; passou, porém,
a residir nos Estados Unidos, na qualidade de professor da Universidade de
Princeton. Após uma carreira de estudos cada vez mais brilhante, foi nesta
cidade que o cientista entregou a alma ao Criador aos 18 de abril de 1955.
Interessa-nos
agora reconstituir o perfil filosófico-religioso do grande varão. Para tanto,
beneficiar-nos-emos dos estudos recentemente publicados por Karlheinz Schauder,
nos «Frankfurter Hefte», e G. Jasper, no «Deutsches Pfarrerblatt»; estes dois
autores, trazendo à tona novos fatos e ditos concernentes a Einstein,
possibilitaram-nos um conhecimento mais fiel da mentalidade do cientista
alemão.
2. Einstein e o problema de Deus
2.1. Não seria
inútil notar aqui, em primeiro lugar, o traço marcante da personalidade de
Einstein, a saber: a sua independência de caráter. Esta se manifestava
principalmente pelo desejo de se emancipar das convenções e dos hábitos, por
vezes avassaladores, da vida social. Diz-se que o sábio não se intimidava por
andar de sandálias, sem meias, com a cabeleira em desordem, prestes a mostrar a
língua a um fotógrafo indiscreto; chegou a declarar: «Nunca pertenci de todo o
coração a algum país ou Estado, nem a um circulo de amigos, nem mesmo à minha
própria família». — Casou-se com antiga colega sua na Escola Politécnica de
Zurich, tornando-se pai de dois filhos, que ele muito amava; divorciou-se,
porém, e em consequência separou-se também dos filhos, contraindo novas núpcias
com sua prima Elza. Este foi o episódio mais doloroso da vida de Einstein.
2.2. A tal
independência de caráter associou-se outro fator importante para a configuração
do pensamento do estudioso israelita. Filho de pai que zombava da Religião,
Alberto recebeu sua primeira formação numa época em que mestres e livros
costumavam apregoar oposição frontal entre um evolucionismo exagerado, de
tendências monistas, e a tradicional fé em Deus; ainda ressoava nos ouvidos de
muitos a sátira de Haeckel, que afirmara ter conseguido transformar o Deus dos
cristãos em um «vertebrado gasoso». — Influenciado pela mentalidade da época, o
jovem Einstein desde cedo abandonou a sinagoga; não se tornou ateu, mas passou
a professar uma religião «cósmica», de caráter panteísta e vago; como ele mesmo
dizia, acreditava na «existência de uma força pensante superior que se
manifesta pelo insondável universo».
Significativo é o
episódio seguinte: em 1919 ou 1920, tendo o Cardeal de Boston assinalado
Einstein entre os ateus da época, um rabino de Nova Iorque telegrafou ao
cientista nos seguintes termos: «Crê V. S. em Deus? Resposta paga, 50 palavras». Ao que Einstein respondeu: «Creio no Deus de Spinoza, que se
manifesta na harmonia das seres… Não em um Deus que se importe com as sortes e
as ações dos homens».
De passagem
diga-se que Baruque de Spinoza foi um filósofo judeu do séc. XVII (+1677), o
qual professou o panteísmo ou a identificação de Deus com o mundo.
A ideologia de
Einstein, como a de Spinoza, negava a liberdade de arbítrio do homem, como se
este fosse habitualmente impelido a agir por uma necessidade interior. —
Negando que a Divindade se importe com o destino e os atos do homem, Einstein
estava naturalmente bem longe do conceito de Deus revelado pelas Escrituras de
Israel, ais quais descrevem a Providência Divina a zelar carinhosamente pela
sorte das criaturas.
2.3. Contudo o
pensamento de Einstein não se fixou definitivamente em tão pálidas noções
religiosas. Em 1950, numa entrevista à imprensa, declarava:
«A opinião comum de que sou ateu,
repousa sobre grave erro. Quem a pretende deduzir de minhas teorias
científicas, não as entendeu… Creio num Deus pessoal, e posso dizer com
sinceridade que nunca em minha vida cedi a uma ideologia ateia».
Na mesma
entrevista, Einstein fazia observar outrossim que os homens de ciência
concordam em afirmar ‘que não há oposição entre Ciência e Religião; reconheceu
contudo haver cientistas que ainda em nossos dias abraçam os pontos de vista de
seus predecessores em 1880. E, para firmar bem sua oposição radical ao ateísmo,
Einstein em 1950 não hesitava em asseverar que já aos 18 anos «considerava as teorias
evolucionistas de Darwin, Haeckel e Huxley como teorias irremediavelmente
antiquadas».
Entre parênteses
seja licito notar: não é o evolucionismo como tal que se opõe à crença em Deus,
mas é o evolucionismo mecanicista ou casualista, que abstrai da ação de um Deus
Criador e Providente.
O evolucionismo
pode-se conciliar com a fé cristã; cf. «P.R.» 4/1957,
qu. 1.
2.4. A verificação
desse roteiro espiritual suscita espontaneamente a questão: poder-se-iam
indicar os fatores que levaram Einstein a trocar o panteísmo pela profissão de
fé num Deus pessoal, distinto do mundo?
Schauder, nos
estudos citados, assinala dois elementos que terão feito amadurecer de tal modo
o pensamento do mestre:
a) a percepção
adquirida nos últimos anos por Einstein e pelos cientistas em geral, percepção
de que no interior do átomo não reinam a harmonia e a regularidade que os
estudiosos costumavam pressupor. Com efeito, no átomo apenas se depreendem leis
prováveis, formuladas na base de estatísticas. Ora essa indeterminação ou essas
lacunas no plano da matéria abrem lugar à intervenção de uma causa extrínseca,
diferente da matéria, causa que equilibra e harmoniza as reações dessemelhantes
ou contraditórias da matéria. Assim Einstein terá considerado as lacunas da
ordem dentro da matéria como o ponto de encontro do finito com o infinito, da
criatura com o Criador, sendo Este essencialmente distinto daquela.
b) A bomba atômica
também concorreu poderosamente para abalar o pensamento de Einstein. Tendo
colaborado para a fabricação dessa arma, o grande cientista impressionou-se
profundamente com as consequências da mesma. Avivou-se nele o senso da
responsabilidade moral. Schauder julga mesmo que nos dizeres do velho Einstein
se encontram esparsos os indícios de consciência do pecado e de atitude de
oração. A ideia de Deus, em consequência, deixou de ser pálida e vaga na mente
de Einstein, como fora outrora, para tornar-se muito viva. Ele reconheceu que,
junto ao mistério do mundo (que, aliás, Einstein sempre respeitou), existe o
mistério de Deus, mistério que requer fé da parte do homem.
São, sem dúvida,
palavras do sábio consignadas em carta à sua irmã: «O fundamento de todos os valores
humanos é a moralidade».
Em outra missiva,
dirigida a Max Bom, detentor do prêmio Nobel, escrevia Einstein:
«O que cada indivíduo pode fazer é
dar o exemplo da retidão de vida e conceber a coragem de sustentar seriamente
as suas convicções éticas em meio a uma sociedade de cínicos. Há muito tempo
que, com sucesso desigual, procuro comportar-me desse modo».
Ora não resta
dúvida de que o fundamento de toda a moralidade, tão vivamente apregoada por
Einstein, é Deus, e Deus distinto do homem, Providente e Solícito para com a
sua criatura.
2.5. Quanto a
Jesus Cristo em particular, perguntaram certa vez ao sábio se acreditava na
existência d’Ele. Ao que respondeu:
«Sem dúvida. Ninguém se pode iludir a
respeito desses fatos: Jesus viveu, e suas palavras são admiráveis. Ainda que
um ou outro pensador da antiguidade se tenha manifestado de maneira semelhante
à de Jesus, nenhum deles se exprimiu de modo tão divino».
«Ninguém pode ler os Evangelhos sem
tomar consciência da realidade de Jesus. A sua personalidade vibra em cada uma
das suas palavras. Fábula nenhuma se apresentaria tão penetrada de vida. Muito
diferente é a impressão que colhemos das narrativas de heróis legendários de
tempos remotos, como, por exemplo, Teseu; todos esses carecem do fidedigno
dinamismo de Jesus».
«Sou judeu. Contudo a figura
brilhante do Nazareno exerceu extraordinária influência sobre mim».
Fato notável:
quarenta anos antes de se exprimir de tal modo, Einstein costumava colocar
Jesus no mesmo plano que Kant e Goethe!
2.6. A respeito da
Igreja Católica, apraz ainda consignar a seguinte observação de Einstein:
«A Igreja Católica foi a única a
levantar a voz contra o assalto dirigido por Hitler contra a liberdade. Até
aquela época a Igreja jamais detivera a minha atenção. Hoje, porém, exprimo
minha grande admiração e meu profundo apego a essa Igreja que, a sós, teve a
inabalável coragem de lutar em prol da liberdade espiritual e moral».
Assim Einstein, do
seu modo, professava o caráter único (diríamos: sobrenatural) da Santa Igreja
Católica.
Em conclusão: é de
crer que o Senhor em seu justo juízo não terá desprezado tudo quanto de belo e
nobre Ele mesmo colocou na alma de quem tão certeiramente soube elevar-se da
matéria visível à Realidade invisível.
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