23 de dezembro de 2012

Vamos até Belém!

Monsenhor Paulo Daher
Todos temos em nossa vida lembranças de fatos e lugares que nos são queridos e dos quais guardamos lembranças alegres.
Nascido em família católica e religiosa, morei perto da Igreja que movimentava toda a cidade a partir das crianças, dos adolescentes, jovens, adultos e idosos.
Entre tantas festas religiosas, como criança que gostava de movimentação, o Natal me trazia grande alegria. Eu ajudava os frades muito amigos a montar o presépio, colocando as imagens, as folhagens, e ajeitando os papéis pintados para dar impressão de gruta, a estrela acima do presépio. Os pequenos lagos com patinhos artificiais, os pastores. Tudo ficava preparado antes do Natal. Só a imagem do Menino Jesus muito bonita, trazida da Alemanha, ficava para o dia de Natal.
A missa de Natal naquele tempo era pela manhã. Assim na véspera era um alvoroço em casa. Muitos irmãos, as irmãs mais velhas com a mãe preparavam as roupas escolhidas, embora simples, passavam, colocavam nas cadeiras para no dia seguinte cada um se vestir.
Na véspera, dia 24, rezávamos nosso terço, outras orações que minha mãe sabia de cor desde criança em Salvador onde aprendera com as Filhas da Caridade. Fazíamos uma refeição simples e gostosa e deitávamos cedo preparando o Natal.
Chegando o final do dia, antes da meia noite, já no dia de Natal, ao ouvirmos os sinos tocarem na torre da igreja, sem tomar café (pois naquele tempo havia jejum até a hora da missa) lá íamos nós a família inteira, meus pais, meus 10 irmãos, alegres, atravessávamos a praça da Matriz e entrávamos na Igreja. Toda iluminada, e lá na frente o presépio preparado com as imagens que tínhamos colocado, menos o menino Jesus. Os homens ficavam dum lado, as mulheres do outro e as crianças na frente. Eu ia para a sacristia para vestir minha roupa de coroinha.
A missa em latim, e o povo rezava orações em português e as filhas de Maria (minhas irmãs lá estavam!) com os congregados marianos (meus irmãos também!) cantavam durante a missa.
Sempre as missas na paróquia eram muito participadas nas orações, nos cânticos e na alegria de todos… Mas o Natal sempre foi especial. Parecia que a gente chegava em Belém para ver de perto Maria, José, o Menino Jesus, o boi o burro, os pastores, os santos reis a grande e brilhante estrela em cima do presépio com anjos aqui e ali.
Depois da missa, o momento esperado era trazer em procissão a imagem do Menino Jesus para colocar no presépio. Um ano, fui que O trouxe. Que cuidado, atenção, tremedeira para levar bem direito (como meus pais pediam). Parecia mesmo que estávamos em Belém. Cantos, orações, a igreja em peso cantava… eu entreguei ao frei a imagem, e ele cuidadoso o depositou na manjedoura. Mais cantos, mais luzes. Naquele tempo não batíamos palmas na igreja ! E a igreja toda cantava o Noite Feliz !…

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