4 de setembro de 2013

O ateísmo é um fenômeno pós-religioso; supõe uma religião e ‘se ergue contra ela’ à guisa de crítica ou de réplica.

Vistes um dia a Napoleão ou então conhecestes alguns dos povos bárbaros extintos atualmente? Se mesmo sem teres visto neles acreditais, porque não acreditar em um Deus tão visível aos nossos olhos?
Ante o hodierno problema do ateísmo, a conclusão da existência de um Deus se transformou não exclusivamente em dogma de fé, mas fruto de uma demonstração. E os argumentos cientificamente desenvolvidos não podem ter como resultado senão esclarecer e fortificá-la.
O ateísmo é, em poucas palavras, a atitude de quem nega ou ignora a Deus. Segundo Bettencourt: “os estudos recentes manifestam que o ateísmo não é um fenômeno primitivo da humanidade, mas sim, um fenômeno pós-religioso, ou seja, um fenômeno que supõe uma religião e que se ergue contra ela, à guisa de crítica ou de réplica”. 1
Em outros termos, o ateísmo não é uma manifestação espontânea da natureza humana, pois como a própria História nos narra desde a mais remota Antiguidade, nenhum povo ficou sem ter um Deus – ainda que falso -, e, portanto, sem uma religião à qual aderir.
Lançai um olhar sobre a superfície da terra, dizia Plutarco, e achareis cidades sem muralhas, sem letras, sem magistrados, povos sem casa, sem moedas; mas ninguém viu jamais um povo sem Deus, sem sacerdotes, sem ritos, sem sacrifícios. Todos os povos, cultos ou bárbaros, em todas as zonas e em todos os tempos, admitiram a existência de um Ser Supremo. Agora bem, como é possível que todos tenham se enganado a respeito de uma verdade tão importante?
Contudo, o mundo moderno criou outro obstáculo para poder esquivar-se dessa crença: a separação da fé e da razão. Segundo o professor Plinio  Oliveira este apartamento, onde a teologia deve cuidar exclusivamente da Revelação e a filosofia da razão natural é extremamente errada: “a razão se baseia em fatos que estão no seu conhecimento, e a fé é algo que a razão não deduziu, mas que você conheceu através da Revelação. Ambas são certeza, se bem que a maior é a fé”.2
A exemplo da retina que só captura a visão das coisas que estão ao seu alcance, a razão chega até os seus limites e a fé complementa de forma superabundante a insuficiência daquela.
A este respeito afirma o salmo: “Dixit insipiens in corde suo, non est Deus” – Diz o insensato em seu próprio coração, Deus não existe! – (Sl 13), ou seja, o insensato, aquele que escolheu a via do mal, a fim de abafar sua consciência tenta assegurar a inexistência de Deus. Portanto, o insensato que declara não haver Deus em seu coração, de alguma maneira O percebeu com seu entendimento, e se O percebeu, compreendeu que poderia existir em realidade, mas escolheu negá-Lo.
Como provar, então, fisicamente a sua existência?
São Tomás de Aquino3 desenvolve cinco vias para prová-la.
Primeiramente tomemos a do movimento. Todos os seres são movidos por um motor, é a lei da inércia, pois um corpo em repouso não pode decidir por si mesmo pôr-se em movimento.
Assim, os mares, as galáxias, os ventos, supõem um motor primeiro movente, que só pode ser Deus, um Ser Imóvel (no sentido que é o único a ter essa autonomia) e Absoluto. A este respeito considerava um grande General: “Que significa a mais bela manobra militar comparada com o movimento dos astros?”.
Em segundo lugar temos a causalidade, todas as coisas que existem supõem uma causa primeira que as fez, para qual todas tem uma ligação e subordinação, que só pode ser Deus.
Também a contingência se encontra nessa lista, uma vez que o mundo físico é feito de seres contingentes, por onde uns dependem dos outros. Logo, é preciso existir um Ser que seja a Razão Suficiente das demais, ou seja, Deus.
Os graus de perfeição são postos em quarto lugar, pois tudo no mundo possui perfeições limitadas e em diferentes graus, desde uma joaninha, até um magnífico pôr-do-sol. Ora, dessa realidade se deduz a existência de um Ser ilimitadamente perfeito, que é Deus.
Por fim, na última prova há a ordem e finalidade do universo. Quem contempla o céu estrelado, sabiamente coordenado dentro de proporções que escapam às cifras comuns dos homens, vê nessa ordem natural a Causa total e a Inteligência Ordenadora das coisas criadas, pois, se jogássemos todas as peças de um relógio dentro de uma caixa, elas por si não formariam um relógio, analogamente o Universo, onde cada estação sucede outra, depois da noite vem o dia, supõe uma Inteligência Ordenadora, um Deus.
Desse modo, podemos exclamar com Vitor Hugo: “Deus é o Invisível evidente!”
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1 Bettencourt, Mater Ecclesiae, Rio de Janeiro
2 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Palestras e Conferencias. São Paulo: Sn, 06. Maio. 1980
3 GARRIGOU-LAGRANGE, Règinald. El sentido común: la filosofia del ser y lãs formulas dogmáticas. Buenos Aires: Desclé de Brouwer, 1945.
 Fonte: Gaudium Press

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