18 de maio de 2014

Padre Jorge Facchin, o reitor do Seminário, que deixou marcas profundas na Diocese de Petrópolis

Conversa com Padre Jorge

No final do mês de março, em meio a tantos afazeres diários, Duarte, Associado e colaborador frequente, escreve mais uma vez, ao Amigos de Corrêas, desta vez para informar que “Don  Giorgio acaba de deixar o Arciprete di Piove di Sacco e passa a residir na casa da sua família”. Finaliza, o email, sugerindo pedir uma entrevista a ele para o blog, pois “...foi um dos padres que deixaram marcas profundas e positivas na Diocese de Petrópolis.”

A boa ideia se traduziu em cinco ou seis perguntas com a colaboração do Vanzan e do próprio Duarte, que, enviadas com a solicitação da entrevista, foi aceita de maneira gentil e prontamente por ele. 

A passagem de padre Jorge Facchin pelo Brasil tem início em 10 de novembro de 1963, quando chegou ao nosso país “para ajudar”, em apostolado missionário inspirado pelo espírito ecumênico, um dos primeiros frutos do Concílio Vaticano II, e aqui permaneceu por mais de vinte anos, como conta na conversa, que publicamos a seguir.

Mons. Jorge (ao centro) com antigos alunos e familiares em 2011
Em pouco mais de 20 dias, chega-nos a resposta de padre Jorge, em primeiro lugar, cumprimentando os “amigos da Associação dos Antigos Alunos pelo precioso trabalho que estão fazendo para a Associação.” E, em seguida, envia “um abraço a todos os Antigos Alunos Padres e àqueles que vivem ‘nas periferias’ como insistentemente fala o papa Francisco.”

No parágrafo seguinte, narra como se deu o seu afastamento depois de tantos anos de trabalho, esclarecendo que não se trata de aposentadoria: “No domingo, 23 de fevereiro (2014), deixei o ministério na paróquia de Piove di Sacco, que alguns Antigos Alunos conhecem, por culpa da carteira de identidade”, afirma com bom humor, concluindo em seguida, que “de acordo com as indicações da Igreja, aos 75 anos de idade, coloquei o meu  encargo nas mãos do Bispo Diocesano, que, depois de dois anos e meio, nomeou o substituto.” Assim, vinte e oito anos após ter retornado definitivamente para Itália, “voltei para família. Moro onde nasci, com meu irmão mais velho, solteiro e que ainda  goza de boa saúde. Quem cuida de nós é uma senhora viúva de origem brasileira que vive na Itália há mais de trinta anos.”

“Presto serviço na minha cidade natal: 
celebro Missa, atendo confissões, recebo visitas, 
sou disponível para ajudar o trabalho pastoral dos padres.”

A vida sacerdotal é uma contínua experiência junto ao povo de Deus, e todos os dias são acumulados novos aprendizados, numa missão nobre, sobrenatural, que não se cansa de estar com o outro, fazer pelo outro, pensar no outro. Dinâmicas mais do que meros atos humanizados e que ratificam a frase do vitral da capela do seminário, incrustada na mente dos antigos alunos, que oferece uma reflexão sobre o sentido misterioso do chamamento para vida sacerdotal: Venite, ego elegi vos – Vinde, eu vos escolhi.
Vitral da Capela de N. S. do Amor Divino

Com disposição e vitalidade, mesmo já tendo alcançado "a melhor idade", o cansaço da vida de setentão parece distante, ao descrever a rotina das suas atividades atuais: "Presto serviço na minha cidade natal: celebro Missa, atendo confissões, recebo visitas, sou disponível para ajudar o trabalho pastoral dos padres vizinhos e tenho mais tempo para rezar, ler e estudar: o padre nunca se aposenta", afirma em definitivo, alinhado ao pensamento de santa Teresa do Menino Jesus: Todas as vocações estão contidas no amor! O amor é um todo, que a tudo vivifica, que perdura por todo o tempo, porque é eterno.”


“Cheguei com 27 anos de idade 
com grande entusiasmo, 
com muita  saúde 
e energia.”

Saudade do Brasil? A esta pergunta, padre Jorge responde firme: “Trabalhar no Brasil foi uma experiência muito importante para minha vida sacerdotal. Eu fiquei no Brasil nos anos mais bonitos de minha vida. Cheguei com 27 anos de idade com grande entusiasmo, com muita  saúde e energia, em plena celebração do Concílio Vaticano II. Na Diocese de Petrópolis, havia muita falta de  sacerdotes. A maioria dos padres, naquela época, era estrangeira. Dediquei-me, sobretudo, à pastoral vocacional e juvenil. Encontrei muita colaboração. As dificuldades e sofrimentos não faltaram. Ai de mim se tivessem faltado. A Cruz faz parte da vida cristã e anuncia a ressurreição.” 

Ele mantém vivas as lembranças de pessoas e amigos que deixou por aqui, se referindo a elas com carinho: “Recordo com muita gratidão de dom Manoel Cintra, dom Veloso, muitos padres e muitíssimos leigos formidáveis, entre eles, também, os que fazem parte da Associação dos Antigos Alunos do Seminário.
                 
E continua: “Voltei para Itália definitivamente em 1986, quando, de acordo com o bispo de Pádua, achei que Petrópolis tivesse clero suficiente para continuar o trabalho pastoral e vocacional: a Diocese podia continuar o caminho com suas pernas.” Assim, vinte e três anos depois de ter chegado ao Brasil, em 1963, “para ajudar e não para substituir”, como deixa claro, ele retorna à terra natal, deixando um legado inestimável para a Diocese de Petrópolis, após ter exercido o cargo de reitor no Seminário, durante 17 anos, de 1969 até 1986, e apresentado para a diocese 22 sacerdotes formados no Seminário.

Quanto ao momento atual da Igreja, afirma: “A Igreja, na Itália e no mundo, está vivendo um momento muito importante com a presença abençoada do papa Francisco, que com muita determinação está convidando a viver o Evangelho.”   

Finaliza se colocando à disposição: “Quando precisar de outra colaboração eis-me aqui às ordens. Um abraço. Ciao a todos os amigos. Pe. Jorge”.




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