8 de fevereiro de 2013

Estava chegando a Petrópolis quando recebi a notícia da partida do Quinha para o Paraiso

O amigo e associado José Pires enviou ao Amigos de Corrêas o lindo texto assinado por Ricardo Pinto sobre o funeral de Pe. Quinha. Vale a pena ler o texto pelos ricos detalhes do sentimento de cada pessoa que conhecia o grande homem e padre, nos momentos que antecederam ao enterro. Grande homem que dedicou sua vida aos irmãos. Sua paixão pelo Fluminense F.C., tricolor de coração, que em momentos de grande alegria pela vitória do time, celebrava missa com a camisa do seu clube querido debaixo do paramento.
Confira.


Algumas notícias e impressões sobre o funeral do Pe. Quinha

Eu estava chegando a Petrópolis quando recebi a notícia da partida do Quinha para o Paraíso. Fui imediatamente até a Igreja próxima da casa dos seus familiares e confirmou-se: na madrugada do dia 18/01, um infarto fulminante fez esse grande irmão partir.
 E lá estava o Quinha, no caixão, no chão, com semblante “de anjo” - como alguém afirmou -, vestido com a túnica e a estola com o “M” de Maria que usou durante as celebrações na Escola Nacional 2013. Seu irmão me disse: “O Quinha sempre retorna feliz de todos os encontros dos Focolares, mas dessa vez ele voltou diferente, transformado!”. Uma amiga completou: “Ao voltar dessa Escola ele me disse: ‘Estão precisando de padres para ajudar nas Mariápolis permanentes, eu quero ir, mas o que fazer com as Oficinas de Jesus?’” (grupos que o Quinha iniciou para acolher e assistir pobres que encontrava nas ruas, dependentes químicos e portadores do vírus HIV).  
A notícia espalhou-se. Vi num poste de iluminação de um bairro da cidade um simples cartaz: “Pe. Quinha faleceu”. A Polícia Militar tentava organizar o intenso trânsito que mudou a rotina do bairro. Centenas de pessoas estavam na interminável fila para saudar o “amigo”, o “confessor”, o “acolhedor”, o “louco pelos pobres”, o “vigário paroquial”, aquele que “escutava todos”, “servia a todos”, como afirmavam. Rostos de todas as raças, de todas as classes sociais, de Igrejas e religiões, de lugares próximos e distantes. Pessoas chegavam e se abaixavam para “conversar” com ele... jovens, crianças, senhoras idosas, os “assistidos” pelas Oficinas de Jesus, gente culta, gente simples, mendigos acompanhados de seus cachorros... todos... todos amados.
Ali estavam também o Prefeito [que decretou luto oficial por três dias na cidade de Petrópolis], outros políticos, religiosas, amigos de pastorais, movimentos e novas comunidades... Também os popos, popas, gente de várias comunidades do Movimento no Rio de Janeiro, Pe. Licinho e Pe. Leandro (Volta Redonda) que também estiveram na Escola Nacional, e vários outros sacerdotes que conhecem a Obra.
Incontáveis as coroas de flores que circundavam a quadra de esportes ao lado da Igreja matriz de Itaipava. Na entrada, chamava especial atenção um lençol branco onde se lia: "Pe. Quinha, o senhor será sempre o nosso Santo!. Os teus filhos do Sítio Nossa Senhora do Sorriso" (um dos locais que acolhem os “assistidos” pelas Oficinas de Jesus). A faixa foi colocada sobre o caixão, sobre o qual já estavam bandeiras de Associações eclesiais e a do Fluminense Futebol Clube que, “quando ganhava, fazia o Quinha na missa usar a camisa do time por debaixo da túnica”, confidenciou uma senhora.
            A missa presidida por dom Gregório Paixão, recém empossado bispo de Petrópolis, foi concelebrada por Dom Francisco Biasin (Volta Redonda-RJ) e Dom Paulo Machado (Uberlândia-MG), e mais de uma centena de padres e diáconos. Na homilia, dom Gregório disse: “O Pe. Quinha conseguia enxergar o ‘invisível’: a sede de dignidade de muitos irmãos e irmãs. Ele era capaz de entregar a cada um o seu coração cheio de Deus”. Convidado pelo bispo, o Pe. Celestino, um sacerdote Aderente, disse que naquele momento, através do Quinha, o novo bispo podia encontrar pela primeira vez toda a diocese de Petrópolis unida, como deseja o novo Plano de  Pastoral da diocese. O bispo concluiu contando um trecho da história de Turandot, quando um príncipe chinês aceita se casar com uma princesa, convidando-a para a “festa nupcial” depois que ela, após um profundo conhecimento do amado, afirma  ter se transformado na pessoa dele, não sendo mais ela mesma. Por analogia, o bispo disse ter a certeza que o Quinha entrou para a “festa nupcial” porque quando Jesus o chamou, ele olhou para trás e viu o quanto havia amado a todos e respondeu: “Eu sou você, Jesus! Deixei que o meu coração se tornasse o seu coração para muitos irmãos e irmãs”.
            Pude saudar seus familiares e a sua mãe com um abraço de todo o Movimento dos Focolares, em especial dos sacerdotes que participaram da Escola Nacional 2013. Ela agradeceu e respondeu: “Ele voltou muito feliz dessa Escola!”. Como uma delicadeza de Maria, de quem o Quinha falou de forma especial durante a Escola, percebi ao lado do caixão um cesto com muitos girassóis. Pequeno detalhe, simples, mas que fazia lembrar os girassóis que estavam no painel “Ver Jesus, hoje”, durante a Escola.
Levando todos a experimentar em profundidade o “assim na terra como céu”, sob um aplauso interminável, entre cânticos, lágrimas e sorrisos de esperança, o Quinha foi levado até a sepultura com o caixão nos ombros dos “assistidos” pelas Oficinas de Jesus, deixando-nos o testemunho de um sacerdote Voluntário plenamente realizado que escolheu Deus e “ungiu” as estruturas da Igreja e da sociedade com o mesmo amor de Chiara.                                                                                                          
(Ricardo Pinto)

2 comentários:

  1. Padre Quinha foi um grande amigo e conselheiro durante meus anos de seminário.
    A diocese perdeu um sacerdote, mas todos nós ganhamos um intercessor.
    Padre Quinha, rogai por nós.
    Ir. Bento Duarte - OFK

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  2. Ricardo Pinto é o padre Ricardo, oriundo de Magé e que estudou no seminário de Petropolis na turma do padre Volnei e Fabio????

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