3 de fevereiro de 2013

Senhor, se queres, podes curar-me!

Monsenhor Paulo Daher
Uma médica, muito religiosa participava de sua comunidade com freqüência. Todas as semanas se encontrava com um grupo de casais onde estudavam o evangelho e debatiam temas religiosos com aplicação prática para a vida. Todos os dias ia à sua clínica pela manhã para atender pessoas humildes que a procuravam sabendo de sua atenção a todos.
Certa manhã a nossa médica saiu cedo de sua casa e foi para o atendimento em sua clínica. Ia como sempre recebendo vários doentes, examinando, diagnosticando, receitando remédios quando não tinha amostras grátis.
Apareceu naquela manhã um senhor com uma ferida gravemente infeccionada no pé direito. Sentia até latejar. Tinha uma íngua que o incomodava também. Ele era de uma cidade do interior. Vinha aplicando na ferida as ervas caseiras que conhecia. Quando o médica removeu o curativo caseiro, o cheiro da infecção encheu o ar. Era insuportável ficar ali. A médica conseguiu dominar-se. Não fez nenhum gesto de repulsa.
Mas os enfermeiros não resistiram. Taparam o nariz depressa. Fizeram uma cara de repulsa. A médica limpou a chaga, lavou, fez um curativo provisório e pediu ao senhor que viesse de dois em dois dias para renovar o curativo e seguir o andamento da ferida. E era ela mesma que cuidava dele com carinho. Limpava o local infeccionado, fazia novo curativo e animava o senhor com palavras amigas.
Depois de várias semanas de tratamento, a ferida foi totalmente curada. O senhor agradeceu a médica a cura e o tratamento e não precisou mais de ir à clínica por isso. A cura de seu pé foi um alívio para ele e alegria para a médica.
Na última vez que a médica ia dar alta àquele senhor, lera pela manhã, como era seu costume, um trecho do evangelho de Mateus, c.8,1-3 que conta o seguinte:
“Jesus descia a montanha. Uma grande multidão o seguia. Então um senhor leproso de aproximou. Ajoelhou-se diante de Cristo e pediu-lhe humildemente: Senhor, se queres, podes curar-me. Jesus olhou compassivo para ele, estendeu sua mão, tocou nele e disse: Eu quero, sê curado.
De repente uma luz forte tocou a mente da médica. Ali estava um fato semelhante ao seu. Jesus também se encontrou com um doente, pior ainda que o seu, pois era leproso. E o atendeu bem e o curou completamente com seu poder de médico divino.
Deve ter renovado a vida dele por dentro e por fora.
Ela refletia então: às vezes nossas vidas apresentam feridas espirituais infeccionadas e mal cheirosas. Deus que nos ama, não se afasta, mas continua a nos atender com amor até curar-nos. Se pedirmos a Deus que nos purifique de nossas chagas, ele estará sempre pronto a nos curar. E dá-nos uma lição de vida também. Para que cada um de nós não tenha medo de se aproximar de pessoas que precisam também ser tratadas com carinho tanto de suas doenças do corpo como das doenças do espírito e da fé.. Que estejamos sempre prontos para estes gestos de misericórdia sem nos espantarmos nem rejeitar ninguém.

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