24 de maio de 2013

Tribuna de Minas dá destaque ao lançamento do livro Arquitetura Art Déco - Juiz de Fora, de Antônio Carlos Duarte

Em reportagem na edição de hoje, o jornal Tribuna de Minas, dá ampla cobertura para o lançamento do livro Arquitetura Art Déco – Juiz de Fora, do associado Antônio Carlos Duarte, em reportagem assinada por Renata Delage.








24 de Maio de 2013
Obra de Antônio Carlos Duarte mapeia a beleza do estilo art déco na arquitetura da cidade
Por RENATA DELAGE

                                                                                                            
 As linhas retas já exibiam os reflexos da modernidade, que despontava em todos os setores da sociedade na primeira metade do século XX. Capturar as imagens que representam o estilo art déco em Juiz de Fora, evidente em edifícios e monumentos, sobretudo aqueles construídos entre as décadas de 1930 e 50, foi mais fácil para o arquiteto Antônio Carlos Duarte do que se poderia imaginar. "São muitos os exemplos e detalhes desse estilo tão rico, que passam despercebidos aos nossos olhos no dia a dia", ressalta.
Detalhe da torre do Cenáculo São João Evangelista
Durante uma caminhada com roteiro informal pelo Centro e alguns bairros, ao lado da amiga escritora e memorialista Rachel Jardim, surgiu a ideia - quase uma intimação - de que o arquiteto retratasse o estilo, tão representativo na cidade. As mais de 1.200 fotografias e muitas pesquisas sobre a manifestação culminaram no livro "Arquitetura art déco - Juiz de Fora", lançado, com apoio da Lei Murilo Mendes, neste sábado, às 11h, no saguão do Cine-Theatro Central. Embora o teatro não seja um dos exemplos do estilo da cidade - é construído com padrões do ecletismo -, o local do lançamento foi escolhido pelo contexto da Praça João Pessoa, coração da cidade, onde o art déco se manifesta fortemente, com os edifícios Grippi e São Sebastião, ambos em frente ao teatro.
"Como um bom mineiro, garimpei essas joias da cidade", destaca Duarte, ex-diretor do extinto Instituto de Pesquisa e Planejamento da Prefeitura de Juiz de Fora (1989/90) e ex-diretor do Museu Mariano Procópio. Em 128 páginas, o livro apresenta uma série de imagens de edificações, além de monumentos e túmulos nos cemitérios da Glória e Municipal e detalhes decorativos em geral, como vitrais e relevos em argamassa. A publicação traz ainda um mapa ampliado do Centro, com a localização dos principais prédios ressaltados na pesquisa. "O texto, com um pouco da história e características do art déco, é bastante acessível, para atingir quaisquer setores da comunidade. É preciso perceber a cidade, lançar sobre ela um olhar especial, para que possamos valorizar e amar nosso patrimônio", completa.
Deixando de lado o excesso de decoração e o apreço pelo antigo, o art déco buscava, segundo o autor, o futuro, a novidade. Na cidade, "em suas formas e linhas básicas, os edifícios seguiram, em sua maioria, a corrente estilística conhecida como zigue-zague (volumetria escalonada), mas se produziu também dentro do padrão neoclássico moderno, aerodinâmico e, mais raramente, da vertente nacional dominada marajoara".

Brilho e discrição
 Para Rachel Jardim, autora do prefácio da obra, o art déco pode ser tido como um "estilo envergonhado". Apareceu no Brasil "sem fanfarras, vagamente chamado de moderno, classificação logo erradicada pelo termo 'modernista', consagrado na Semana de Arte Moderna". "Em Juiz de Fora, o gênero não provocou, até os anos 1980, nenhuma atenção. Não é referido nas obras memorialísticas de Pedro Nava, nem de Murilo Mendes", escreve Rachel.
A manifestação, que surgiu em Paris, na década de 1920, só começou a ser reconhecida, segundo Duarte, nos anos 1960, quando pesquisadores e críticos se despertaram para o estilo. "Embora exista uma biografia muito restrita sobre art déco, hoje já há congressos pelo mundo, já se estuda sua relevância na universidade", diz o autor. Para servir de referência a pesquisas sobre o estilo, a obra conta com tradução do texto para o inglês.
A aura discreta, contudo, nunca deixou de ser brilhante, literalmente. As fachadas principais dos edifícios recebiam revestimento em pó-de-pedra, aplicado em tons escuros, o que causava um efeito cintilante, reflexo da mica sob a incidência da luz. "Uma vez colocado, o pó-de-pedra permanecia para sempre. É prático, no sentido da conservação, sem deixar de ser belo, por seu brilho, facilmente associado ao cinema, às propagandas, à brilhantina", acrescenta Duarte. Com o tempo e as mudanças estéticas, o colorido das tintas foi sendo aplicado às fachadas, substituindo a proposta inicial.

Segundo o autor, a Capela do Colégio Santa Catarina, na Avenida dos Andradas, é um dos exemplos mais bem conservados e ricos da cidade no estilo art decó. "À rigidez e à austeridade externas, se contrapõem o refinamento e a suavidade do espaço interno", avalia. Outros tantos exemplos, como o Cenáculo São João Evangelista, a Igreja de São Mateus, a Galeria Pio X, o Hotel São Luiz e o Edifício Magalhães, são abordados, em seus detalhes, na obra.

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